Notícia
Presença obrigatória em uma infinidade de pratos, uma em cada cinco batatas consumidas no Brasil foi colhida em solo paranaense. O Estado é o segundo maior produtor do País, atrás de Minas Gerais, e estima produzir 812,6 mil toneladas até o final da segunda safra, que termina antes do inverno. O Estado responde por 20% da produção nacional.
Este capítulo da série de reportagens Paraná que Alimenta o Mundo vai à região Central do Estado para acompanhar todo o processo que envolve a cultura, desde a produção de semente, plantio, colheita e o beneficiamento do produto. Dos solos de Guarapuava e dos municípios vizinhos saem 28% das batatas que estão nas prateleiras dos supermercados e nas barracas dos feirantes. No Paraná, também se destacam no plantio a Região Metropolitana de Curitiba e os Campos Gerais. Juntos, os três núcleos são responsáveis por 70% da produção estadual.
Há quase 30 anos no ramo, o produtor rural e empresário Osmar Kloster de Oliveira está envolvido em todo o processo da produção da batata. Conta atualmente com uma área plantada de 250 hectares e é proprietário de uma das oito beneficiadoras de Guarapuava. A batata produzida por Kloster alimenta o mercado interno paranaense e também é comercializada para São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
“Colhemos a batata de manhã e ela é beneficiada no mesmo dia, para no dia seguinte já estar nas Ceasas e nos atacadistas, que fazem a distribuição para os mercados e feiras. Todo esse processo ganhou muita agilidade nos últimos anos, com bastante tecnologia envolvida em cada etapa de produção”, explica ele.
SAFRA – O Paraná cultiva duas safras de batata: a das águas, plantada entre agosto e dezembro, e a safra da seca, que é semeada nos meses de dezembro a maio. Da primeira, foram colhidas 460,6 mil toneladas, e a expectativa da segunda é colher 352 mil toneladas até o final de maio e início de junho, basicamente da variedade ágata, que domina a produção. Foi plantada, para toda a safra 2020/2021 do Paraná, uma área de 28,2 mil hectares.
O Valor Bruto de Produção (VBP) do tubérculo era de R$ 1,24 bilhão em 2019, no último cálculo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. A regional de Guarapuava respondia por 30% de todo o VBP da cultura no Estado, com um valor de quase R$ 383 milhões.
GUARAPUAVA – A batata é o principal produto da olericultura paranaense – que abrange o cultivo de legumes, verduras e frutos como o tomate – e domina mais de um quarto da produção estadual nessa atividade. Porém, diferente das outras olerícolas, cujo plantio é feito principalmente por agricultores familiares, nos arredores de Guarapuava o tubérculo é produzido principalmente por médios e grandes produtores rurais, em um processo que envolve tecnologias de ponta em todas as etapas e um grande contingente de trabalhadores.
Por se tratar de um produto bastante perecível, parte da colheita e do beneficiamento ainda exige bastante mão de obra. Os produtores estimam que de 5 mil a 6 mil postos de trabalho sejam criados no auge da safra na região. “Entre dezembro e junho, quando acontece a colheita, as oito beneficiadoras da cidade empregam de 70 a 80 pessoas cada uma. No campo, as batatas são arrancadas do solo por uma máquina, mas para catar do chão o processo é manual, o que também envolve muitos trabalhadores. Isso sem contar os empregos indiretos, de caminhoneiros, agrônomos, nas oficinas e revendas. A geração de emprego é muito boa”, afirma Kloster.
TECNOLOGIA – Diferente dos cultivos de antigamente, os produtores agora têm em mão uma gama de estudos de melhoramento genético, preparação de solo, irrigação e um maquinário de ponta que agilizou e tornou mais forte a produtividade, com uma colheita média de 800 sacos, ou 4 mil kg, de batata por hectare plantado.
Um exemplo é na produção de sementes, que exige um processo bastante especializado e muito conhecimento genético. Um mini-tubérculo, livre de vírus e outras doenças, é desenvolvido em laboratório e pode ser reproduzido por até duas gerações.
Para se desenvolver, ele é plantado em regiões mais quentes, geralmente no Norte ou Noroeste do Paraná. Já maiores, as sementes voltam a Guarapuava e ficam armazenadas em câmeras frias, com temperaturas controladas de 4ºC em média, para serem plantadas escalonadamente entre as safras.
“A semente é como um plantio de batatas, mas que cuida muito da parte genética. Há muito cuidado para que ela não se infecte, por isso é usada apenas por duas gerações. Com o tempo e manuseio a qualidade se perde e diminui a produtividade”, conta o produtor. “Antigamente se fazia muito de tirar as miúdas para plantar no ano seguinte, pois tinham muito dinheiro para investir na próxima safra, o que diminuía a produção e acabava aumentando os custos”.
Informações: Agencia de Noticias do Paraná
Foto: aen